quarta-feira, 19 de maio de 2010

Renné Senna


Renné Senna trabalhava desde criança como lavrador. Mais velho empregou-se num açougue, de onde saiu quando precisou amputar as pernas por complicações de diabetes. Sem emprego, contando apenas com a aposentadoria, vendia flores em cadeira de rodas à beira da estrada Rio-Santos. Foi abandonado pela primeira mulher, que levou sua única filha. A situação de Renné Senna ficou tão complicada que ele nem sequer tinha onde morar.

Os amigos descrevem
Renné Senna como uma pessoa generosa mesmo nos tempos de dificuldades. Mesmo à beira da miséria, ele dava parte de sua pensão do INSS à filha, Renata, e ajudava como podia os seus onze irmãos. Vivia de favor numa casa no quintal de uma escola.

Foi nesta deprimente situação que ele conheceu Adriana Almeida, residente no mesmo bairro que ele em Rio Bonito, por quem se apaixonou. Segundo os amigos ele mantinha distância porque não se julgava à altura dela. Adriana tinha um salão de beleza e era cobiçada pelos homens do bairro, mas antes de casar com
Renné Senna, sua vida financeira não ia bem. Fechou o salão de cabeleireiro porque não tinha dinheiro para pagar o aluguel do imóvel e passou a atender clientes em casa.

Em julho de 2005
Renné Senna viu sua vida mudar ao ganhar 52 milhões de reais na Mega-Sena. Logo comprou um quadriciclo de 19 mil reais, e deu imóveis aos irmãos. Depois do prêmio, tentou mudar de bairro e foi para o Recreio dos Bandeirantes, bairro nobre no Rio de Janeiro. Não se adaptou e voltou para Rio Bonito, que dizia ser o melhor lugar do mundo para viver. Construiu para si uma casa de 9 milhões de reais, onde acompanhava de perto a criação das 846 cabeças de gado e dos 12 cavalos. Andava com seguranças porque tinha medo de sequestro, mas não mudou seus hábitos. Continuava bebendo nos bares de Rio Bonito e conversando com os antigos amigos. “O Renné Senna era um santo. Tinha gente que se aproveitava disso”, disse Olívio Ferreira, comerciante do centro de Rio Bonito. Segundo ele, não era raro alguém, depois de uma conversa com Renné Senna, sair com R$ 10 mil.

Já Adriana mudou completamente depois do casamento com
Renné Senna, em 2006: parou de trabalhar e passou a circular em um automóvel Mercedes-Benz, sempre acompanhada por seguranças. Passava boa parte do tempo em uma academia de ginástica. Colocou silicone nos lábios, pintou os cabelos de louro e, quando foi presa, usava óculos imensos e se vestia como um clone de Daniella Cicarelli. Segundo um ex-funcionário da fazenda, Adriana obrigouRenné Senna a demitir os trabalhadores e contratar outros seguranças. Parentes dela foram empregados com salários de R$ 5 mil para funções banais na fazenda. “Enquanto isso ela não deixava nem os parentes dele irem lá”, afirmou o ex-funcionário.

Por Adriana,
Renné Senna modificou seu testamento. Os onze irmãos e a filha, antes os únicos beneficiários, passaram a ter de dividir com ela a herança em caso de morte. Quatro dias antes do crime, Renné Senna, em consulta habitual ao gerente do banco onde tinha tinha o dinheiro depositado, descobriu que Adriana havia sacado R$ 300 mil da conta conjunta do casal para comprar uma cobertura em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio. Sem saber da negociação e desconfiado da infidelidade da mulher, Renné Senna teria iniciado uma discussão, que resultou na saída da viúva de casa no dia seguinte. Ele teria avisado que retiraria o nome dela do testamento.


Em 07/01/2007, Renné Senna estava no bar do Penco sem seguranças, próximo à fazenda, quando dois homens encapuzados chegaram numa moto e o carona atirou em Renné Senna, matando-o instantaneamente. As balas acertaram a nuca, a têmpora esquerda, o olho esquerdo e o queixo do milionário. A possibilidade de assalto foi descartada pela polícia, já que os assassinos deixaram o relógio e o anel de ouro que Renné Senna levava. Sua pochete, porém, foi roubada pelos bandidos. No dia do crime, surgiram as primeiras acusações contra a viúva, vinda da família do morto: ela havia passado o réveillon com seu amante numa cobertura em Arraial do Cabo.



Fonte


Nenhum comentário:

Postar um comentário